ESTUDO SOBRE JOÃO 1.1

 

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Jo. 1.1, aqui seguramente o foco recai sobre o verso 1: “Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ λόγος καὶ ὁ λόγος ἦν πρὸς τὸν θεόν καὶ θεὸς ἦν ὁ λόγος.” (en arche[i] ên ho logos kai ho logos ên pros ton theon kai theos ên ro logos). É interessante perceber algumas construções gregas que em nossa língua não se permite. “πρός” (pros) é uma preposição que indica direção mas não a fusão, diferentemente de “εἷς” (heis) que indica na direção e para dentro, isso pode não parecer nada, mas significa que o logos estava junto, à direção de Deus, de forma íntima, face-a-face, mas não “se fundia” com Ele, ou seja, não é algo que indique uma única divindade absoluta com o Pai, daí decorre a segunda parte “καὶ θεὸς ἦν ὁ λόγος” (kai Theos em ho logos). No grego existe a função atributiva e a função predicativa. Esta última parte do verso é uma construção predicativa, e é importante, pois “pros ton Theon kai Theos…”, ao se referir “com Deus”, João usa “τὸν θεόν” (O Deus), e ao falar do λόγος (logos) usa a palavra θεὸς (Theos) na forma predicativa, permitindo concluirmos a origem divina do Logos, mas não como sendo O Deus Yahweh; de modo que o texto seria melhor entendido como: “O Verbo era divino”, e é exatamente dessa forma que o trinitariano  Dr. Waldyr Carvalho Luz entende Jo. 1.1 e este comenta esse texto nos seguintes termos: “Da própria fraseologia se verá que o substantivo anartro não tem acepção quantitativa, a individualizar, mas, ao contrário, qualitativa, a qualificar, exatamente o oposto do termo articulado. Logo, θεός é o predicativo, ὁ λόγος o sujeito; – Destarte, o predicativo θεός não está a destacar a pessoa do λόγος mas a expressar-lhe a natureza. Em outras palavras, θεός não está individualizando ὁ λόγος, dizendo-o UM DEUS, mas indicando-lhe a essência divinal, qualificando-o como DIVINO; – Nesta modalidade, o elemento anartro é o predicativo, o articulado o sujeito, aquele a especificar a natureza deste.”1 Vale destacar dessas palavras do Dr. Waldyr a informação que θεός (Theos) nessa construção não é quantitativo, ou seja, não foi intenção de João dizer que Jesus era Deus (O PAI) em sua completude, e embora o Dr. Waldyr use a palavra “essência” em seu comentário, está claro que o faz de forma distinta de outros trinitarianos como Agostinho, por exemplo. Definir Deus como uma substância composta por hipóstases *não é uma definição bíblica,* mas uma arranjo teológico da era pós-apostólica para tentar justificar, ante as dificuldades que surgem quando analisada mais a fundo, a doutrina da trindadeo. Conforme vimos em “καὶ θεὸς ἦν ὁ λόγος” se qualifica sem quantificar.


Assim, fica claro que a função predicativa qualifica, mas não atribui *igualdade na deidade.* Para atribuir-lhe igualdade o segundo θεός (Theos) também deveria vir com “ὁ” (ho), artigo grego, e com isto concorda o Dr. W. C. Taylor, outro trinitariano, ao citar I Jo. 3.4 “καὶ ἡ ἁμαρτία ἐστὶν ἡ ἀνομία” (lit: o pecado é a iniqüidade) como exemplo de equivalência por conta da presença do artigo ( ἡ ) ante os dois substantivos2. A presença do artigo em ambos os substantivos, nesse tipo de construção é a situação em que os estudiosos veriam equivalência. Fritz Rienercker & Cleon Rogers, também trinitários, informam sobre o Logos em Jo.1.1: “A palavra está sem o artigo e é o predicado que enfatiza a qualidade: ‘o Verbo tinha a mesma natureza de Deus‘”3, ou seja, o *verbo não era o próprio Deus*, mas tinha a mesma natureza dEle, portanto divino. A própria tradução literal sugerida por alguns “e Deus era o Verbo” é rejeitada por W. C Taylor. Embora em tempos recentes gramáticos como Colwell, tenham produzido uma nova regra4 em cima da milenar gramática grega e angariado seguidores dessa regra, pela qual se alega que quando na função predicativa o substantivo não exige artigo para ser considerado identificativo ao invés de qualificativo, porém a ausência desse artigo não permite asseverar a igualdade reivindicada, a ponto do atributo, como intentam defender aqueles que acreditam na consubstanciação absoluta entre Deus e Jesus.


texto de Daniel Duarte

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